O grupo Mamulengo de Cheiroso, de
Aracaju (SE) apresentou-se na sexta feira (24/05) nos jardins do SESC Arsenal,
representando a cultura popular nordestina no Festival Palco Giratório 2013 em
Cuiabá. O texto As Aventuras de uma Viúva Alucinada tem a assinatura do
renomado mestre mamulengueiro Januário Oliveira, o Janú e traz a marca do
teatro popular de bonecos do nordeste: o improviso. O eixo principal da
história conta o desespero de uma viúva à caça de um marido para ajudá-la a criar
os três filhos; no afã de encontrar um “homem”, ela se envolve até com o Diabo,
que a leva para o inferno. Quem salva a viúva e a história é o compadre
Cheiroso que acaba ficando como herói e pretendente. O jogo cênico inclui
brincadeira com a plateia, com os funcionários do SESC, inserções sobre a
cidade e muita música. A manipulação é bem simples, com pouco apuro técnico e
sem grandes momentos. Os bonecos também são confeccionados de forma bem simples.
O teatro popular de bonecos é basicamente uma brincadeira; sua marca é a
animação. Tradicionalmente a brincadeira de mamulengo é um pouco mais “pesada”
do que o que vimos no jardim do SESC; as brincadeiras eram ainda de cunho
sexuais, mas nem tanto. Só ficou no jogo de um agarrar o outro, da viúva querer
um homem senão é capaz de agarrar o padre, um chamando o outro de feio e a
dancinha do “lek lek lek”. A música, executada ao vivo foi empolgante;
posicionados atrás do pano, os músicos marcaram presença com sanfona, zabumba
e triângulo, pontuando a história. As pesquisas com a cultura popular, muito
presente no teatro contemporâneo, são bastante interessantes quando se busca
trabalhar as questões locais, ampliando esse entendimento para questões
universais. No caso do espetáculo de Sergipe, a maior contribuição foi o
registro de uma cultura, rica e divertida, mas nada mais do que isso.
Juliana
Capilé e Tatiana Horevicht
CIA
PESSOAL DE TEATRO