segunda-feira, 26 de maio de 2014

PALCO GIRATÓRIO: Recife

Nossa passagem pelo Recife foi fantástica!! CIDADE DOS OUTROS foi apresentado no dia 21 de maio, no Espaço Fiandeiros, um lugar pra lá de especial, bem no centro de Recife. Neste espaço funcionam, além de um centro cultural, a sede e escola do Grupo Fiandeiros de Teatro, capitaneado pelo diretor e dramaturgo André Filho e sua esposa Daniele. Fomos muito bem recebidos por lá. Conversamos por horas a fio sobre teatro, tanto em Recife quanto em Cuiabá, e o quanto é necessário fomentar o estudo e a pesquisa nas artes cênicas. Descobrimos que em Recife não há, assim como em Cuiabá, um curso de graduação em teatro. É verdade que eles estão a um passo na nossa frente por já possuírem um curso de licenciatura em teatro, mas nada para formar o artista. Mas por que é tão necessário um curso de formação em artes, sendo que teatro é um ofício que se aprende na lida, fazendo e errando? Para avançarmos profissionalmente. Não me iludo de que nossos artistas devam fazer faculdade para continuarem sendo artistas; longe disso. Mas visualizo que um curso de graduação em teatro em Cuiabá irá pautar pesquisas, fomentar o estudo, e principalmente, fazer movimentar um pensamento teatral, criando um vórtice que concentrará as buscas por teatro. O que acontece em Cuiabá é o que aconteceu em Recife e que fez os artistas invadirem o centro histórico atrás de sedes para seus grupos: quando você quer procurar teatro, onde você vai?  Em Cuiabá as pessoas procuram no SESC, ou na bilheteria do Cine Teatro, mas em Recife, o interessado em teatro assiste a apresentação do grupo e no dia seguinte está na porta da sua sede, se inscrevendo nos cursos de formação. O estudo não precisa ser acadêmico, mas precisa ser algum; não adianta praticarmos teatro por diletantismo: precisamos nos profissionalizar.
André Filho no Espaço Fiandeiros


O espetáculo foi muito bem recebido por lá, mas também, na plateia, três grandes diretores: Samuel Santos, diretor e dramaturgo do grupo Postes Soluções Luminosas; José Manuel, coordenador regional de Cultura do SESC PE e artista de longa estrada; além do nosso anfitrião, André Filho. Eles, juntos, deram o tom do debate, que foi bastante rico. Os três apontaram o ritmo do espetáculo como sendo bastante imperativo, que obriga o espectador a parar com a corrida alucinante do consumismo. 



José Manuel e Tati, depois do debate
Em Recife pudemos dar um passeio, ciceroneados pelo nosso "arcanjo" Tiago Gondim, que nos levou para ver Olinda, Marco Zero, Artesanatos locais, casario e a Oficina Brennand, grande museu a céu aberto de esculturas de cerâmica do artista plástico Francisco Brennand - coisa maravilhosa de tirar o fôlego. É lindo ver uma cidade pelos olhos de quem a habita e melhor ainda se esse olhar for apaixonado e amoroso. Tiago nos apresentou sua cidade com muito carinho, o que nos fez adorar Recife! Beijos, Tiago, pra você e sua avó maravilhosa, que mantém seu espírito vivo e vibrante!
Tati e Tiago Gondim, nosso "arcanjo"

 Foi fantástico rever nossa querida Naná, amiga de pesquisa em Antropologia Teatral; dividimos Eugenio Barba e Julia Varley certa vez, em Brasília, e conhecer Naná e seu trabalho foi um presente. Ela atua no Grupo O Poste em parceria com o marido Samuca, grande dramaturgo, e eles têm uma sede no centro histórico de Recife. Não pudemos conhecer a sede deles, mas tivemos bons momentos de conversa, troca e caranguejada. Estamos planejando novos encontros futuros, e quem sabe, trazê-los à Cuiabá para apresentarem seu trabalho.



Eu, Naná e Samuca
Agradecemos a presença deles no nosso espetáculo e a grande contribuição no debate. A presença da Galeana, do SESC-PE, do José Manuel e toda equipe do SESC que nos auxiliou por lá, inclusive estagiários e motoristas. Um grande beijo para Tiago, André Filho e Daniela, que nos recebeu com tanto carinho. Até a próxima!