sexta-feira, 16 de maio de 2014

PALCO GIRATÓRIO: Cuiabá

Urbitária montada e pronta no salão social do SESC Arsenal
A apresentação de CIDADE DOS OUTROS na programação do Palco Giratório SESC Arsenal foi das melhores! Aconteceu no dia 10 de maio, às 21h, no já conhecido salão social da unidade Arsenal. Já apresentamos algumas vezes neste espaço e sabemos que o espetáculo se adapta bem ali. Nossa preocupação é sempre a acústica, pois o salão sendo grande como é, faz com que nossa voz percorra todo o espaço, dificultando a compreensão do que dizemos em cena. Mas, na apresentação deste sábado tudo correu bem e achamos que por dois motivos principais:

  1. A escolha da Janaína Azevedo, técnica em teatro da unidade SESC Arsenal, de colocar os praticáveis para acomodação do público em uma arena próxima da máquina de cena, fechando um pouco mais as bordas da cena e aproximando o espectador; .
  2. A elevação dos praticáveis estava maior do que das outras apresentações, fazendo com que a arquibancada ascendesse, impedindo que o som vazasse por cima;
  3. E por último e mais importante, a lotação máxima dos lugares, que contribuiu muito para a acústica.
Teste de luz
Pela primeira vez na nossa história com esse espetáculo tivemos lotação esgotada no SESC Arsenal. Isso foi inédito, sem dúvida. 

Também tivemos a grata presença do Coletivo Desvio, com o destaque do professor da USP Marcos Bulhões que generosamente nos forneceu uma excelente leitura do espetáculo, enfatizando o elemento trágico da peça, fazendo uma simetria com a obra de Beckett e o contemporâneo. Entre tantas coisas interessantes que ele nos falou, Bulhões apontou a construção dramatúrgica, que honra a fonte beckttiana e mantém o caráter trágico, com as imagens do acidente e do cavalo no buraco, que ele achou muito interessantes. Além disso parabenizou o fato de não termos construído personagens clownescos, que, segundo ele, é uma febre entre montagens beckttianas, o que já caiu em um lugar comum desajeitado e irritante. Achou a montagem honesta, porque indica a fonte inspiradora, sem tentar burlar a inteligência do espectador. Aliás, o que ele disse que mais nos orgulhou foi que a montagem era isso: inteligente. Agradecemos demais, Bulhões!

No bate-papo mediado pela Dani Leite os espectadores levantaram questões interessantes. Uma delas tem a ver com o fato de várias pessoas terem imaginado um cavalo branco. Essa imagem faz referência ao fato do cavalo ser uma espécie de símbolo do herói no espetáculo - ele faz o percurso trágico e caminha para o derradeiro fim. Além disso o cavalo é o único elemento que está no presente; todos os outros elementos do "diálogo" entre os personagens estão ou no passado (como é o caso do acidente de carro) ou no futuro (os planos para o dinheiro do prêmio). Péricles Anarcos, ator e dramaturgo, ressaltou a característica cinematográfica da direção do Amauri Tangará e o quanto os recortes enfatizam e valorizam determinados trechos. Foi citado também a característica apocalíptica da montagem frente ao caos que estamos vivendo na cidade por conta das obras da Copa da FIFA.  Lucas Koester enfatizou o fato do espetáculo sempre trazer alguma reflexão a cada vez que se assiste e acredita que isso acontece porque trazemos o espetáculo conosco. 
O debate depois do espetáculo

O fato dos personagens serem indefinidos, sem história anterior e com um figurino não identificável, além do sapato no meio da canela; isso chama muito a atenção das pessoas. A falta de localização perturba, mas também ajuda na atemporalidade do espetáculo: eles podem estar falando de qualquer cidade, em qualquer tempo. Uma espectadora destacou o "esvaziamento da vida" e comentou que no mesmo tempo que eles fazem grandes planos, existe desejos menores, como o de ler o último episódio de uma revistinha de super heróis. 
Foi uma das nossas melhores apresentações no SESC Arsenal, sem dúvida. E precisamos agradecer os esforços dos profissionais da nossa unidade que zelam com carinho pela imagem do espetáculo, não só aqui na nossa cidade, como também na representação junto às outras unidades SESC. Jan Moura, coordenador de cultura, trabalhou com garra e afinco para estarmos circulando com o espetáculo pelo Brasil todo; seu trabalho na coordenação de cultura está mudando a forma como a unidade se relaciona com os profissionais do Estado, trazendo mais valorização para o produto artístico local. E ele não está sozinho nesta batalha: temos Cristina Maria e Flávia Leite, além de Janaína Azevedo e Lucas Koester! Um time especial, de muita competência e dedicação. É esse tipo de profissional que eleva o nível do Estado!! Nosso beijo a vocês!!

Continue acompanhando a circulação de CIDADE DOS OUTROS no Circuito Palco Giratório SESC 2014!


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